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Cirurgia Bariátrica x Endossutura Gástrica: Qual é a Melhor Opção Para Você?

Endossutura Gástrica: Qual é a Melhor Opção Para Você? A decisão de realizar uma intervenção para perda de peso é um passo importante, mas muitos pacientes não entendem completamente as diferenças entre os tipos de procedimentos disponíveis.

A decisão de realizar uma intervenção para perda de peso é um passo importante, mas muitos pacientes não entendem completamente as diferenças entre os tipos de procedimentos disponíveis.

Neste artigo, vamos explorar as distinções entre dois tipos de cirurgia bariátrica — o bypass gástrico e a gastrectomia vertical (sleeve) — e o procedimento endobariátrico de endossutura gástrica ou gastroplastia endoscópica, que não é uma cirurgia. Compreender essas diferenças pode ajudar você a tomar uma decisão mais informada.

1. Bypass Gástrico: A Técnica de Desvio

 

Como é realizado:
O bypass gástrico envolve a criação de uma pequena bolsa no estômago, que é conectada diretamente ao intestino delgado, desviando parte do trato digestivo. Com isso, além de o paciente comer menos, a absorção de calorias e nutrientes também é reduzida.

Tempo de duração:
O procedimento geralmente leva de 2 a 3 horas e é feito sob anestesia geral.

Alta hospitalar:
O paciente costuma ficar internado por 2 a 3 dias, dependendo de como for a recuperação inicial.

Dieta:
Após o bypass, a dieta é bem restrita, começando com líquidos, passando para alimentos pastosos e, eventualmente, sólidos. Esse processo leva algumas semanas.

Pode ser refeito?
Reoperações são possíveis, mas mais complexas, sendo indicadas apenas em casos específicos de falha do procedimento ou complicações graves.

Índices de complicações:
A taxa de complicações varia entre 10% e 15%, com riscos como vazamento das suturas, estenoses e deficiências nutricionais significativas (ferro, vitamina B12, cálcio e vitamina D). A suplementação de nutrientes é obrigatória a longo prazo.

2. Sleeve Gástrico: A Gastrectomia Vertical

Como é realizado:
No sleeve, aproximadamente 80% do estômago é removido, reduzindo o volume disponível para comida e a produção de grelina, o hormônio que estimula a fome.

Tempo de duração:
O sleeve gástrico leva de 1 a 2 horas para ser concluído.

Alta hospitalar:
Geralmente, o paciente recebe alta em 1 a 2 dias, após monitoramento da recuperação.

Dieta:
A dieta após a gastrectomia vertical também é progressiva, semelhante à do bypass, começando com líquidos e gradualmente introduzindo alimentos sólidos ao longo de várias semanas.

Pode ser refeito?
Sim, mas é raro. Em alguns casos, pode ser necessário converter o sleeve em um bypass gástrico se o paciente não perder peso suficiente ou apresentar complicações.

Índices de complicações:
A taxa de complicações no sleeve é ligeiramente menor, entre 5% e 10%. Contudo, pode haver um aumento de refluxo gastroesofágico e deficiências nutricionais, principalmente de vitaminas e minerais, ainda que em menor grau que o bypass.

3. Endossutura Gástrica (Gastroplastia Endoscópica): A Alternativa Sem Cirurgia

Como é realizado:
A endossutura gástrica, também chamada de gastroplastia endoscópica, é um procedimento não cirúrgico realizado por via endoscópica. Usando um endoscópio flexível, o médico sutura internamente o estômago para reduzir seu volume. Não há cortes externos, e o trato digestivo permanece intacto.

Tempo de duração:
O procedimento leva de 1 a 1,5 horas e é realizado sob sedação ou anestesia leve.

Alta hospitalar:
Por ser minimamente invasivo, o paciente pode ter alta no mesmo dia ou no máximo 24 horas após o procedimento.

Dieta:
Assim como nas cirurgias bariátricas, a dieta após a endossutura começa com líquidos e, gradualmente, passa para alimentos pastosos e sólidos, mas o tempo de recuperação e a progressão da dieta costumam ser mais rápidos.

Pode ser refeito?
Sim, a endossutura gástrica pode ser repetida em casos de recidiva de peso ou falha inicial. Essa flexibilidade é uma vantagem importante para pacientes que buscam evitar intervenções mais invasivas.

Índices de complicações:
As complicações são raras, ocorrendo em menos de 5% dos casos. Quando presentes, podem incluir dor abdominal ou náusea. O risco de deficiências nutricionais é extremamente baixo, já que o trato digestivo é preservado.

4. Comparando os Procedimentos: Qual é o Melhor para Você?

Cada um desses procedimentos oferece vantagens e desafios. As cirurgias bariátricas (bypass e sleeve) tendem a ser mais agressivas e oferecem perda de peso significativa, mas trazem maior risco de complicações e deficiências nutricionais. A endossutura gástrica, por outro lado, é menos invasiva, com recuperação mais rápida e menos complicações, embora a perda de peso possa ser mais gradual.

Tabela Comparativa

Procedimento Tipo Tempo de Duração Alta Hospitalar Dieta Pós-Procedimento Complicações Déficit Nutricional

Bypass Gástrico Cirurgia Bariátrica 2-3 horas 2-3 dias Progressiva (líquidos → sólidos) 10%-15%, risco de vazamento, estenoses Alto (necessidade de suplementação ao longo da vida)
Sleeve Gástrico Cirurgia Bariátrica 1-2 horas 1-2 dias Progressiva (líquidos → sólidos) 5%-10%, risco de refluxo gastroesofágico Moderado (suplementação necessária)
Endossutura Gástrica Procedimento Endoscópico 1-1,5 horas Mesmo dia ou até 24 horas Progressiva (líquidos → sólidos) <5%, raros casos de dor abdominal ou náusea Baixo (trato digestivo preservado)

5. Conclusão

A escolha entre cirurgia bariátrica e endossutura gástrica depende do perfil clínico do paciente, da extensão do excesso de peso e das comorbidades associadas. Para pacientes que buscam uma opção menos invasiva, com menor tempo de recuperação e menores riscos de complicações nutricionais, a endossutura gástrica pode ser a melhor escolha.

Por outro lado, em casos de obesidade mórbida com comorbidades graves, as cirurgias bariátricas, como o bypass ou o sleeve, podem oferecer resultados mais dramáticos, ainda que venham com maiores riscos.

Independentemente do procedimento escolhido, o acompanhamento médico multidisciplinar é essencial para garantir o sucesso a longo prazo, tanto na perda de peso quanto na manutenção da saúde nutricional.

 

Referências Bibliográficas

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